No Face

sexta-feira, 23 de julho de 2010

OS LIVROS QUE LIBERTAM


Livro Livre: Os livros que libertam
Chinaider e DMA
Ontem, dia 21 de julho de 2010, por volta das 11 horas, a convite do meu amigo e atual Secretário de Cultura de Nova Iguaçu, Écio Salles, fui participar de uma atividade na polinter de Nova Iguaçu.
No dia anterior eu havia participado de uma reunião que começou na casa do Dumontt, depois se transferiu para Posse e logo depois para o bairro Califórnia e durou até as tantas da madrugada, o que fez com que eu resistisse bastante a levantar da cama no dia seguinte, mas levantei e fui ao encontro do Écio.

O dia estava ensolarado e quando cheguei no Espaço Cultural Sylvio Monteiro encontrei uma equipe formada por Daniel Guerra, Moduan Matus, Lino, Nike, Julio Ludemir e as meninas do Jovem Reporter, e estavam todos se preparando para ir rumo a delegacia. A atividade que pretendíamos realizar era a doação de livros aos presos através do projeto Livro Livre, que tem esse perfil, abordar esporadicamente pessoas em algumas localidades e doar livros para que elas depois de lerem doem para outras pessoas.

Eu achei que seria mais um dia, mais um projeto. Ao mesmo tempo em que eu queria ver o resultado da atividade, eu achava que já sabia o que veria e o que iria acontecer, isto é, uma atividade fria. Mas eu estava completamente enganado.

Enquanto aguardávamos em uma das salas da delegacia, foram chegando outros companheiros para participar das atividades, foi quando reconheci o Chinaider, do grupo Cultural Afroreggae, que fez parte do Comando Vermelho e ficou cerca de dez anos preso e agora está coordenando alguns projetos no Afroreggae.

A delegacia de Nova Iguaçu é bastante conhecida, pois o antigo delegado Orlando Zarccone sempre que possível realizava algumas atividades culturais com e para os presos, inclusive pessoas como Marcelo Yuka já estiveram conversando com os presos de lá, agora o atual inspetor, Sidney, vai pelo mesmo caminho.

Quando entramos na primeira carceragem percebi que a energia do lugar era pesada, mas os presos estavam todos sentados aguardando o que iríamos dizer, foi quando o Orlando Zarccone começou a se apresentar e apresentar o secretário de cultura, que depois apresentou toda a equipe. Algumas pessoas disseram algumas palavras, mas foi o Chinaider que falou as palavras que os detentos queriam ouvir, que todos os que realmente quisessem mudar de vida poderiam procurar ele e o Afroreggae quando saíssem de lá. Ele foi calorosamente aplaudido.

Chamamos os presos que representavam aquela cela para organizar a entrega dos livros e todos começaram a pegar e repassar aos seus companheiros.

Depois fomos para a outra cela, onde estavam as pessoas do Comando Vermelho. Uma das meninas do Jovem Reporter não se sentiu bem, então teve que se retirar do local.
Se na primeira cela haviam cerca de 150 pessoas, na segunda haviam mais de 200 e num espaço do mesmo tamanho que o anterior.
Repetimos a atividade e então fomos embora.

No caminho de volta ficamos conversando sobre o que havíamos visto ali, refleti sobre o meu dia anterior, todos os lugares que andei. Disse que se passassem um dia ali dentro eu certamente enlouqueceria. A rotina diária. A falta de privacidade. Imagine 200 pessoas dividindo o mesmo espaço? Inacreditável.

Não estou aqui para julgar o crime que aqueles caras cometeram, mas fiz e estou até agora fazendo reflexões importantes sobre a minha vida. Sobre cidadania. Direitos Humanos. Liberdade.

Percebi então a importancia do livro.

Percebi que aqueles livros que deixamos para os presos era a liberdade deles.

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Publicado em Exigibilidade de Direitos, Liderança, Política
CREDITOS SITE WWW.ENRAIZADOS.COM.BR