No Face

quinta-feira, 29 de abril de 2010

PREMIO PRETO GHOEZ COMENTADO PELO PAI DO HIP HOP AFRIKA BAMBAATAA

Em sua turnê pelo Brasil, o DJ americano Afrika Bambaataa fez um palestra em Salvador onde falou sobre a importancia do Hip Hop. Na ocasião falou sobre o movimento negro e suas conversas com o governo sobre a construção da Faculdade Zulu Nation. Também fico conheceu o Prêmio Cultura Hip Hop 2010 e deu um depoimento sobre essa conquista.

Um pouco sobre o Pai do Hip Hop

*Entrevista cedida ao jornalista Alexandre De Maio em 2009

Para resumir a história, foi o DJ Afrika Bambaataa quem batizou a união das Artes de Rua com o nome de Hip-Hop, e foi ele também quem deu um rumo sóciopolítico para as manifestações artísticas das periferias e dos guetos, colocando toda essa cultura a serviço de um compromisso social em mudar as realidades locais.
Muita coisa rolou desde o começo da cultura, que cresceu em todas as partes do planeta e o visonário DJ, junto com sua fundação Zulu Nation, vem sendo o principal pilar da cultura, aquele que um dia vislumbrou o futuro de uma cultura que iria se espalhar pelos guetos do mundo e influenciar a vida de toda uma geração, mudando a história atual do planeta.
Entrevistei Afrika Bambaatta de forma bem descontraída, na casa do Soldado, da UBI (União dos B.Boys Independentes) . Estava no MSN com
ele quando o filho do Afrika entrou em seu lugar e teclou: “Meu pai está aqui, pode colar para fazer a entrevista”. Na mesma hora larguei tudo e fui para o Centro de São Paulo, e em dez minutos estava trocando idéia com o maior ícone da nossa cultura.
Acompanhe a entrevista polêmica em que Afrika fala sobre a qualidade do Hip-Hop no Brasil e tambem sua afirmação bombástica para muitos, normal
para alguns, de que o Funk Carioca é um legitimo Hip-Hop.
Para situar, Afrika Bambaataa é pai do Hip-Hop, do Electro Rock, do Miami Bass, seu disco Planet Rock marcou a história da música. Começou como DJ nas perigosas ruas do anos 70 em Nova York. “O meu bairro era tão perigoso que nem a polícia entrava. Havia muita violência entre gangues, o que gerou uma conscientização social. Foi por isso que fundamos a Zulu Nation. Tentamos transformar a filiação às gangues em algo positivo. Começamos a organizar as pessoas na rua, os grupos de dança, os b-boys e bgirls, os rappers e os grafiteiros, para criar essa cultura”, relata o DJ Afrika Bambaataa, em entrevista ao documentário “Scratch”.
Mas além de todo esse engajamento social, Bambaatta revolucionou artisticamente. Seu disco Planet Rock, lançado em 17 de julho de 1982, mudou a história da música urbana. Com seu grupo “The Soul Sonic Force”, lançou o single que pegou o sucesso do grupo alemão Kraftwerk “Trans- Europe Express” e usou para fazer os beats de Planet Rock. A música marcou o inico do Hip-Hop com um Funk eletrônico e vocais de Rap. O estilo, batizado de Electro Funk, ganhou o mundo e influenciou o surgimento dos ritmos Techno de Detroit, Miami Bass de Miami, o Jazz mais moderno e até o Dance Hall da Jamaica. O Funk Carioca, feito aqui no Brasil, por exemplo, usou as bases do Electro e depois do Miami Bass. Seu disco é considerado um dos dez mais influentes da história da música. Por isso que em cada país que ele vai, é reconhecido pela Zulu Nation, pelo Hip-Hop, pelas músicas, pela filosofia. Confira a entrevista e boa leitura.

Voce já disse que é um visionário, uma pessoa que enxerga lá na frente. Quando viu as artes do Hip-Hop se unindo, já imaginava que essa cultura iria mudar o mundo, mudar uma geração?
AB: Desde quando freqüentava as Jazz Session, eu pensava em transformar aquilo em alguma coisa mais agitada. Sempre quis conectar o que acontecia na minha área ao que acontecia em New Jersey. Levar tudo que acontecia nos Estados Unidos, através do Planet Rock, para o mundo inteiro. Levar, de centro para centro, de cada cidade, o que estava acontecendo.

Você vem direto ao Brasil. Como tem visto o Hip-Hop brasileiro?
AB: O Hip-Hop no Brasil tem diferentes formas, e é reconhecido por isso. Funk carioca é Hip-Hop, São Paulo tem seu Hip-Hop, isso tudo envolve a cultura, mas o Hip-Hop é mais do que isso. o Samba também tem influência do Hip-Hop, tem o Ragga Hip-Hop, Hip-Hop Electro Funk… O Drum’Bass é um estilo de Hip-Hop. Há vários tipos de Hip-Hop, e você deve prestar atenção a isso. O Hip-Hop possui vários temperos.

“Eu represento o quinto elemento, que é a sabedoria, e é isso que eu tento levar para as pessoas, porque o Hip-Hop é um movimento cultural”.

Qual sua opinião sobre o Gangsta RAP?
AB: Não tenho nada contra o Gansgta RAP. O Gangsta é uma energia, a música não mata ninguém. Voce vê jovens de 21 anos envolvidos com violência, tiroteio, e vê isso em qualquer lugar.O problema são as armas, e não a música. O verdadeiro Gangsta são as máfias, o crime organizado, que mata várias
pessoas. O gangsta RAP vem de muito tempo e traz essa violência com ele. Existe uma união entre o RAP Gansta, o RAP politizado e o RAP que fala de amor, mas são diferentes tipos de RAP. As pessoas devem ouvir todo tipo de RAP.

Que mensagem você deixaria para encurtar essa distância que existe entre o Funk Carioca e o RAP de São Paulo, que é mais politizado?
AB: Eu não vejo problema nenhum nos paulistas gostarem do Funk do Rio de Janeiro.Tem várias festas em São paulo que tocam Funk e vice-versa. E as pessoas gostam. As cidades fora de São Paulo também tocam o Funk do Rio. As pessoas gritam, se envolvem.Tanto no Funk, quanto no R&B, são os DJs os responsáveis pelas músicas que chegam até as pessoas. A música tem esse poder de unir as pessoas e fazer as coisas acontecerem. Tanto o Hip-Hop de São Paulo, quanto o Hip-Hop do Rio são bons, não tem “o melhor”. Tudo isso é Hip-Hop brasileiro. Todo os beats são da África, são beats rápidos, beats lentos…
Tem que fazer como fez o Run DMC, que misturou RAP com Rock. É isso que temos que fazer, misturar as coisas. Alchoolic, Digable Planet, ja fizeram fusões com diferentes estilos de Hip-Hop. Tudo isso é beat africano.

O que você tem ouvido em casa?
AB: Tenho ouvido Forró, gosto de ouvir muita percussão.

Sobre o Graffiti, como voce vê a evolução da Arte de Rua, hoje invadindo os museus e as galerias de arte?
AB: A arte do Graffiti no museu é coisa boa de se ver, porque representa a história. A pintura tem que ir para todos os lugares, e a arte do Graffiti deve estar nas casas, em diferentes tipos de pintura. Tem muita gente fazendo vários tipos de trabalho. Devemos pintar todos os lugares com Graffiti.

Você, além de ser um lenda do Hip-Hop, dentro da música eletrônica também é considerado um pioneiro, por causa do
disco Planet Rock…

AB: O Hip-Hop engloba tudo, como o R&B e a House Music. O Hip-Hop tem vários segmentos, como o Rock e o Jazz, a Salsa, o Samba, o Reggae e o Soul. Como Marvin Gaye. Tudo que me cerca é Hip-Hop, porque música é Hip-Hop e Hip-Hop é música. Tudo isso faz parte da família Hip-Hop. A House Music, o House e o Jungle… Tudo começa com a batida e vai acelerando.

Um comentário:

Elaine Santos disse...

Meu nome é Elaine Santos faço parte do AMISCIM que está responsavel pela divulgação na região oeste do Premio Preto Ghoéz, preciso do e-mail de vcs para marcar a oficina ai no Acre, premiohiphoamiscim@gmail.com fome65-3025-3115.
Obrigada